quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Um Filme da Minha Vida" - O Labirinto Do Fauno, de Guillermo Del Toro (pela aluna Catarina Pereira - 11.º AV2)


Mais uma vez, publicamos um texto da autoria de um aluno. Como professor destes jovens, registo com agrado estas pequenas aventuras pelo universo do cinema. Obrigado, Catarina!

Escrito e realizado pelo mexicano Guillermo del Toro, e galardoado com três Óscares, O Labirinto do Fauno (2006) é um filme que mistura a fantasia e a dura realidade do fascismo em Espanha, após a vitória do General Franco.

Durante todo o filme, seguimos a personagem principal, Ofélia, uma menina de olhos brilhantes e muita imaginação, que é obrigada a mudar completamente de ambiente familiar ao ir morar com a sua mãe e o novo padrasto, o Capitão Vidal. Nesta película, passamos da fantasia à realidade, e de volta à fantasia, tão rapidamente que, por vezes, parece que as histórias se baralham, isto porque, ao mesmo tempo que vemos Ofélia ser atraída para um mundo fantástico (onde existem insectos que se transformam em fadas, faunos e magia) vemos também a realidade espanhola nos anos 40 como o mundo dos “crescidos”. A mesma menina que é uma princesa renascida é também a enteada de um maléfico capitão fascista.

Este filme foi realizado com recurso a efeitos gerados por computador, porém, o que o torna especial é, sem dúvida, a caracterização, o facto de ser totalmente falado em espanhol, as cores cativantes e as texturas, aliados a uma banda sonora perfeita que parece interpretar os sentimentos das personagens e torná-los mais claros para que possam mais facilmente ser sentidos pelo espectador.

O realizador del Toro conseguiu transformar esta história num pesado conto de fadas que tem de ser levado a sério. E para os verdadeiros amantes da fantasia este é o critério mais importante. Após a visualização do que considero ser uma obra-prima cinematográfica, sentimos a imensidão e, no entanto, não parece de mais. É exactamente a quantidade certa de fantasia, horror, realidade e inocência misturado da maneira mais indicada. É subtil e, ao mesmo tempo, uma experiência violenta que não se esquece tão rapidamente.

Trailer do filme:

segunda-feira, 24 de maio de 2010

27 de Maio - O Rapaz do Pijama às Riscas


Vamos encerrar as actividades, neste ano lectivo, com o filme O Rapaz do Pijama às Riscas, de Mark Herman. Trata-se da adaptação cinematográfica do best-seller do autor irlandês John Boyne (o livro já vendeu mais de cinco milhões de cópias em todo o mundo).

Nenhum ciclo sobre a Segunda Guerra Mundial estaria completo sem que se abordasse a questão do Holocausto. Ultimamente, e um pouco por todo o mundo, muitas são as vozes que se têm feito ouvir contra aquilo que parece ser uma tentativa de ignorar a existência do flagelo que atingiu a Europa nas décadas de 30 e 40 do século XX.

Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha, tinha como um dos principais objectivos “limpar” o seu país da influência dos judeus. Através da sua máquina de propaganda (dominada pelo sinistro Goebbels), convenceu a maioria dos habitantes que seria preciso expurgar a Alemanha dessa raça que ele considerava inferior. Rapidamente, e através da sua política de terror, se apropriou dos bens de milhares de pessoas e obrigou muitas outras ao exílio. As que ficaram, foram perseguidas e enviadas para os campos de concentração, juntamente com dissidentes políticos, homossexuais, ciganos e negros. Procedia-se, assim, a uma limpeza étnica, sustentada no ideal nazi e na convicção da superioridade da raça ariana.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, a influência nazi estendeu-se a muitas outras nações europeias, como a Holanda, a Bélgica, a França, a Polónia, a Jugoslávia ou a União Soviética, e os judeus foram colocados em guetos, perseguidos, presos, torturados ou enviados para Auschwitz, Bergen-Belsen ou Treblinka, entre outros locais de morte.

Quando, a partir de 1944, os exércitos aliados descobriram os campos de concentração (o primeiro foi o de Majdanek, em 23 de Julho), o mundo estremeceu. A humanidade conhecia um dos seus momentos mais dilacerantes. Nunca se pensara que o horror atingisse aquela dimensão. A partir dessa época, ganhou força uma mensagem: “Para que não se repita!”.

Desde muito cedo que o cinema se interessou pela dramática situação dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Ficaram famosos filmes como A Lista de Schindler, de Steven Spielberg ou A Vida é Bela, de Roberto Benigni (ambos vencedores de variadíssimos prémios). Na televisão mereceu amplos aplausos a série Holocausto, produzida nos anos 70 e com actores de renome no elenco, como Meryl Streep ou James Woods.

O Rapaz do Pijama às Riscas é mais uma incursão, por sinal muito pujante, nesse universo construído na dor e no sofrimento de milhares de pessoas. Conta uma história de amizade entre duas crianças que escolhem o caminho da amizade, ainda que entre elas exista arame farpado e um horror que não entendem.

Resumo do argumento: Quando a família de um oficial alemão se muda para perto de um campo de concentração, a sua vida altera-se radicalmente. Limitado no seu mundo de brincadeiras, Bruno, o filho do oficial, resolve aventurar-se além do bosque que rodeia a sua casa. Um dia, encontra uma criança da sua idade que usa um estranho pijama às riscas…

Trailer do filme:

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Um Filme da Minha Vida" - Juno, de Jason Reitman (pela aluna Leonor Rodrigues - 11.º AV1)


É com muito gosto que publicamos mais um texto da autoria de um aluno, no caso, a Leonor Rodrigues (a quem agradecemos, sentidamente), na nossa rubrica "Um Filme da Minha Vida". Aproveitamos para desafiar todos os alunos a seguirem-lhe o exemplo...

Hoje em dia não há adolescente que não tenha sido obrigado a assistir a uma palestra sobre a sexualidade. Mas parece que ninguém avisou Juno MacGuff (Ellen Page), uma jovem de 16 anos, que numa tarde aborrecida decide, finalmente, fazer sexo com o melhor amigo Bleeker (Michael Cera), acabando por engravidar.

Juno é uma personagem irreverente, confiante e decidida que, depois de uma tentativa de aborto falhada, entra numa penosa mas cómica aventura de nove meses onde vai ser confrontada com realidades “muito para além do seu grau de maturidade.”

Tendo sido nomeado para várias categorias, “Juno” ganhou o Óscar de Melhor Argumento em 2008, graças a Diablo Cody (“As Tara de Tara” – série televisiva) que é, quanto a mim, um génio na desmistificação de taboos e na construção de realidades absurdas mas, ainda assim, plausíveis, que fazem as suas (poucas) obras indispensáveis.

Não é possível, também, falar deste filme sem mencionar as fantásticas interpretações de Ellen Page (nomeada para o Óscar de Melhor Actriz) e Michael Cera, que trouxeram algo juvenil e inteligente a uma situação que é, normalmente, retratada como desesperante e dramática: a gravidez na adolescência; bem como a fantástica banda sonora que inclui nomes como Cat Power, Kimya Dawson, Belle & Sebastian e Barry Louis Polisar.

Como nota final, o conselho: Vejam o filme… Não só vale a pena, como também não se podem queixar, tal como Juno, de não terem sido avisados!

Trailer do filme:

domingo, 16 de maio de 2010

20 de Maio - A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich

Se, no primeiro filme do actual ciclo, abordámos a tentativa de assassínio de Adolf Hitler, perpetrada por um grupo de cidadãos alemães que não se revia na ideologia nazi, vamos agora interessar-nos pelos últimos dias da vida daquele que é muitas vezes considerado um dos maiores “monstros” da História.

A maior curiosidade de A Queda: Hitler e o Fim do Terceiro Reich (Der Untergang, no original) prende-se com o facto de ter sido realizado na Alemanha, por Oliver Hirschbiegel, revelando uma visão muito mais coerente e próxima da realidade do que as inúmeras produções realizadas noutros países (nomeadamente, nos Estados Unidos) sobre o declínio da ditadura nazi e os últimos dias da Segunda Guerra Mundial.

Tratando-se de um filme recente (estreou em 2004), verificamos que os sessenta anos que entretanto passaram sobre a época retratada (e, com eles, tantos acontecimentos marcantes para a História da Europa), permitiram uma abordagem despudorada e neutra, não incidindo, propositadamente, sobre os actos monstruosos de Hitler, mas sobre a pessoa do ditador, em todas as suas incoerências e fragilidades.

A história do filme acompanha a visão da secretária pessoal de Hitler, alguém que acompanhou o Fuhrer nos últimos dias do Terceiro Reich, como testemunha privilegiada do seu declínio. O actor Bruno Ganz (sem dúvida, uma das maiores figuras do cinema alemão da actualidade) concentra sobre si muita da atenção dos espectadores, conseguindo uma interpretação brilhante, tanto nos momentos de quietude como nos de exaltação feroz.

Este filme foi nomeado para os Óscares da Academia, na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira, em 2005, tendo perdido a estatueta para Mar Adentro, de Alejandro Aménabar.

Como curiosidade, referir que, nos últimos tempos, no YouTube, popular sítio na Internet, apareceram inúmeras rábulas realizadas a partir de cenas deste filme, com legendas inventadas (aproveitando o desconhecimento da língua alemã da maioria dos utilizadores), que se referem tanto a acontecimentos mundanos como a actos políticos recentes.

Resumo do argumento: Estamos em Berlim, nos últimos dias de Abril do ano de 1945. A capital alemã encontra-se cercada pelos exércitos aliados e, no seu bunker, alheio ao desastre iminente, Hitler agarra-se desesperadamente a tudo o que lhe dê alguma esperança de, ainda, vencer a guerra...

Trailer do filme:

segunda-feira, 10 de maio de 2010

13 de Maio - Tolerância de Ponto


Em virtude de ter sido concedida "tolerância de ponto" à função pública na próxima quinta-feira, dia 13 de Maio, no âmbito da visita a Portugal de Bento XVI, não se realizará a habitual sessão. Voltaremos para a semana com mais uma película sobre a Segunda Guerra Mundial.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

6 de Maio - Operação Valquíria


Porque o nosso ciclo de Maio pretende celebrar os 65 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, decidimos seleccionar uma película cujo argumento é baseado em factos reais, ocorridos em 1944, e que relata a conspiração que pretendeu terminar com o sofrimento de milhões de pessoas.

A Operação Valquíria foi levada a cabo por oficiais alemães em Julho de 1944. O plano era arriscado: assassinar Adolf Hitler e assim salvar o que ainda poderia ser salvo da barbárie no Mundo, na Europa e, particularmente, na Alemanha.

Saído do sucesso dos dois primeiros tomos de X-Men e de Superman Returns (filmes que adaptam bandas desenhadas em que a ficção futurista e os efeitos especiais são lei), o realizador Bryan Singer poderia, numa primeira instância, não ser a pessoa certa para levar a bom porto um projecto centrado num acontecimento da já distante Segunda Guerra Mundial. No entanto, a aposta dos produtores revelou-se certeira e Operação Valquíria (Valkyrie, no original) resulta numa boa combinação de filme de guerra e de thriller político, prendendo os espectadores à narrativa, mesmo quando sabem, antecipadamente, o seu desfecho.

Para desempenhar o papel do Coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg, um aristocrata católico, o escolhido foi Tom Cruise, um actor que tanto provoca grandes paixões como manifestações de repúdio. Neste filme em particular, Cruise consegue manter a sobriedade necessária e compõe uma figura simultaneamente trágica e humana, revelando possuir mais talento que aquele que normalmente a Academia lhe dedica. Contra si, terá, e tê-lo-á sempre, a ideia pré-concebida, e naturalmente errada, de que as suas limitações artísticas suplantarão as suas capacidades dramáticas.

Resumo do argumento: Em Julho de 1944, a Alemanha nazi encontra-se numa situação difícil. Depois do desembarque dos aliados na Normandia e na Itália, da derrota no Norte de África e do desastre iminente na frente oriental, Hitler vê-se forçado a implementar medidas extremas para controlar a oposição ao seu regime totalitarista e desumano. Mas os inimigos do Reich não estão só fora do seu país. Na sombra, um grupo de oficiais alemães planeia um golpe arrojado: assassinar o ditador e apressar o fim da Segunda Guerra Mundial…

Trailer do filme:

domingo, 2 de maio de 2010

Maio - 65 anos do fim da Segunda Guerra Mundial (Europa)

Quando, em momentos de crise como aquele em que vivemos, perspectivamos o futuro com algum receio torna-se obrigatório fazer um exercício colectivo de memória para relembrarmos épocas na história da humanidade em que o medo, a guerra, a fome, a tortura e toda a espécie de provações que atingiram os nossos antepassados não foram suficientes para matar a Esperança. Tenhamos, pois, isso bem presente no nosso espírito.

Em Maio, vamos assinalar, no nosso núcleo, os 65 anos do final da Segunda Guerra Mundial na Europa. Este conflito teve início em Setembro de 1939 (com a invasão germânica da Polónia) e só terminou em Agosto de 1945 (com a rendição incondicional do Japão após as bombas atómicas largadas em Hiroshima e Nagasaki). Na Europa, o dia 7 de Maio de 1945 (uma semana depois do suicídio de Hitler) constituiu o cessar de todas as hostilidades. Para trás ficava um pesadelo jamais vivido no Velho Continente. 17 milhões de soviéticos, 6 milhões de judeus, 5,5 milhões de alemães, 4 milhões de polacos, 1,6 milhões de jugoslavos e, ainda, centenas de milhares de cidadãos de cada um dos países europeus que se envolveram na guerra (ingleses, franceses, holandeses, italianos, belgas, noruegueses, austríacos, gregos, finlandeses…) pereceram neste holocausto.

Desde os primeiros sinais da ascensão de Hitler e do nazismo na Alemanha que a indústria cinematográfica se interessou por esta temática. Ao longo de décadas, foram realizados milhares de filmes que exploraram todos os assuntos e acontecimentos relevantes e revelaram inúmeros pontos de vista, abrindo caminho a um maior conhecimento sobre esta época tão negra e tão decisiva. É um lugar-comum mas não nos custa nada afirmá-lo: “Para que nunca mais se repita!”.